A AÇÃO SOCIAL PARA WEBER
O pensamento de Weber é um verdadeiro contraste ao positivismo, isso por questão de contesto como vimos na introdução. Weber desenvolveu seu pensamento em cima do método de “compreensão”. Ele procurou compreender o individuo, pois para Weber é o individuo que dá sentido a ação social. Veremos três aspectos do seu pensamento.
a. A ação social: uma ação com sentido.
No pensamento weberiano o homem passou a ter significado e especificidade. É ele que dá sentido a sua ação social, ele é responsável por estabelecer a conexão entre o motivo da ação, a ação propriamente dita e seus efeitos.
Para a sociologia positivista, a ordem social submete os indivíduos como força exterior a eles. Weber pensa diferente, não existe oposição entre individuo e sociedade: as normas sociais só se tornam concretas quando se manifestam em cada individuo sob a forma de motivação, ou seja, o motivo orienta a ação do individuo. O motivo que transparece na ação social permite desvendar o seu sentido, que é social na medida em que cada individuo age levando em conta a resposta ou a reação de outro indivíduos. Por exemplo, o simples ato de enviar uma carta se decompõe em uma serie de ações sociais com sentido; escrever, selar, enviar e receber, que terminam por realizar um objetivo. Por outro lado, muitos agentes estão relacionados a essa ação social, como por exemplo, o atendente, o carteiro e etc. Essa interdependência entre os sentidos das diversas ações, mesmo que orientadas por motivos diversos, é que dá a esse conjunto de ações seu caráter social. Professora Themis observa: “Só existe ação social quando o individuo tenta estabelecer algum tipo de comunicação, a partir de suas ações, com os demais” (ANDREA, 2012, p. 13)
A partir de sua definição Weber estabelece quatro tipos de ações de acordo com o modo em que os indivíduos se orientam:
Ação social racional com relação á fins: A ação é estritamente racional. Tornando-se um fim e este é, então, racionalmente buscado. Há à escolha dos melhores meios para se realizar um fim.
Ação racional com relação a valores: Não é o fim que orienta a ação, mas o valor seja este ético, religioso, politico ou estético.
- Ação social afetiva: A conduta é motivada por sentimentos, tais como orgulho, vingança, loucura, paixão, inveja, medo, etc...
- Ação social tradicional: Tem como fonte motivadora os costumes ou hábitos arraigados.
Deve-se esclarecer que a ação social weberiana não é o mesmo que relação social. Pois para que se estabeleça uma relação social, é preciso que o sentido seja compartilhado. Por exemplo, um sujeito que pede uma informação a outro estabelece uma ação social: ele tem um motivo e age em relação a outro individuo, mas, tal motivo não é compartilhado. Numa sala de aula, onde o objetivo da ação dos vários sujeitos é compartilhada, existe uma relação social.
b. O tipo ideal.
Para atingir os fatos sociais, Weber propôs um instrumento de analise que chamou de tipo ideal. Trata-se de uma construção teórica abstrata a partir dos casos particulares estudados.
O tipo ideal serve de modelo para a analise de casos concretos, realmente existentes. Observe o exemplo da sua definição do patrício romano no auge do império na obra As causas sociais da cultura antiga:
“O tipo do grande proprietário de terra romano não é o do agricultor que dirige pessoalmente a empresa, mas é o homem que vive na cidade, pratica a politica e quer, antes de tudo, receber rendas em dinheiro. A gestão de suas terras está nas mãos dos servos inspetores” (COSTA, apud, WEBER, p.75, 1992)
Na concepção de Weber o tipo ideal é um instrumento de análise sociológica para o apreendimento da sociedade por parte do cientista social com o objetivo de criar tipologias puras, destituídas de tom avaliativo, de forma a oferecer um recurso analítico baseado em conceitos, como o que é religião, burocracia, economia, capitalismo, dentre outros.
c. A tarefa do cientista.
A tarefa do cientista para Weber era descobrir os possíveis sentidos da ação humana. Sua meta é compreender, buscar os nexos causais que deem o sentido da ação social. Aqui Weber discorda de Durkheim, que considerava a sociedade como objeto de estudo do cientista, sendo assim ele deveria ser imparcial com relação à sociedade (agir com neutralidade).
Weber dizia que o cientista, como todo individuo em ação, age guiado por seus motivos, sua cultura, sua tradição. Qualquer que seja a perspectiva adotada pelo cientista, ela será sempre parcial. Mas Weber não descarta a objetividade na analise dos acontecimento, pois a tarefa cientifica não deveria ser dificultada pelas crenças religiosas e ideias do cientista.